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OAB-MT convoca comitiva para visita ao Pantanal e verifica in loco combate ao fogo

09/09/2021 13:22 | QUESTÃO AMBIENTAL
Foto da Notícia: OAB-MT convoca comitiva para visita ao Pantanal e verifica in loco combate ao fogo
imgO pantanal voltou a arder com a seca extrema e, a convite da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Mato Grosso (OAB-MT), uma comitiva visitou o bioma, na quinta-feira (2), pela Transpantaneira, para verificar qual é a infraestrutura disponível atualmente para fazer o controle do fogo e também acompanhar o drama de animais, da vegetação e das famílias pantaneiras.
 
O secretário-geral da OAB-MT e também presidente da Comissão de Acompanhamento das Políticas Públicas do Pantanal, Flávio José Ferreira, ressaltou a função da Ordem dos Advogados do Brasil, nesta causa, que é ser porta voz da sociedade e cobrar políticas protetivas. Ele defendeu também a união de forças, entre Estado, iniciativa privada, parlamentares, ONGs e a sociedade civil organizada, em prol do Pantanal. “Esta que deve ser nossa causa maior”.
 
A comitiva constatou que, apesar do fogo insistente em dois pontos - no km 60 (Pixaim) e no km 100 - este ano a situação está, até o momento, sob controle. Diferentemente do que no ano passado, quando a maior seca desde 1964, aliada à falta de infraestrutura, criou ambiente propício à queima de 4 milhões de hectares em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Uma tragédia que, segundo pesquisadores, já era anunciada.
 
imgAlém da OAB, parlamentares e o Governo também percorreram a Transpantaneira, vislumbrando um cenário hostil, de guerra.
 
A vegetação, margeando a rodovia, está extremamente seca. Sob as pontes, nada de água, só o chão rachado e árido. A comitiva se deparou com jacaré morto e aves entre nuvens de fumaça, além de um calor de até 48 graus, com baixa umidade relativa do ar.
 
Foi recebida na base do Corpo de Bombeiros na Transpantaneira, onde estavam presentes também representantes de quatro ONGs: SOS Pantanal, É o Bicho, Ecotrópica e o Grupo de Resgate de Animais em Desastres (GRAD), de Minas Gerais, que, desde o ano passado, encaminhou médicos veterinários para darem socorro às vítimas.
 
Tenente coronel Queiroz, do Corpo de Bombeiros, informou que, na base militar, há disponível 4 aeronaves e dois caminhões pipas. Ele salientou que seriam necessários mais veículos e que inclusive já foram empenhados, mas é improvável a entrega para ainda este ano. Além das máquinas, 68 brigadistas civis e militares trabalham em campo no combate ao fogo no Pantanal.
 
imgA Sema mostrou aos visitantes um projeto piloto de poço artesiano, que foi instalado em uma região que antes estava seca e a avaliação inicial é a de que está funcionando bem. A proposta é implantar 10 equipamentos, como o piloto, inspirado no que a iniciativa privada já faz há tempos em pousadas, garantindo água em represas.
 
Uma das questões que preocupa é o risco que os animais correm. Após a visita in loco, a OAB-MT ainda participou de duas outras reuniões, dias 6 e 7, com o Ibama e a Sema, para alinhamento da conduta. Ficou definido que será feito um cadastro de voluntários autorizados a fazer manuseio, resgate e oferecer alimentação aos animais. A comunicação de caso a caso deve ser feita primeiramente junto ao Ibama e Sema. Está proibida a entrada de gado no Pantanal nesse período.
 
“A OAB-MT ainda irá tomar outras providências e continuar acompanhando e fazendo solicitações junto aos órgãos responsáveis e trabalhando na articulação de todos os envolvidos no socorro ao Pantanal”, ressalta a vice-presidente da Comissão de Acompanhamento das Políticas Públicas do Pantanal e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais, Gláucia Rodrigues do Amaral.
 
imgA professora da Unemat Carolina Joana, doutora em Ecologia e, a convite da OAB-MT, membro da Comissão de Acompanhamento das Políticas Públicas do Pantanal, informou que, de acordo com estudos científicos, a seca extrema no Pantanal vai ocorrer por 5 anos sequenciais – de 2020 a 2024. E que uma forma de evitar a expansão do fogo, daqui em diante, é estudando o movimento dos ventos.
 
“O Pantanal é água e não tendo água o fogo toma conta. Ano passado, nós pesquisadores já sabíamos que seria grave, mas não da extensão e do efeito que teria. Com essa organização que foi feita avalio que melhoramos mais, vejo disposição de trabalhar, agora temos pontos que não conhecemos, com uma base mais científica, como a questão dos ventos”.  
 
Também participou da comitiva da OAB-MT a advogada Mariana de Carvalho Perri, da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais, e a cineasta Eliete Borges, curadora da mostra Cine Caos.
 
O deputado estadual Allan Kardec (PDT) ressaltou a importância das ações mitigadoras atingirem o Pantanal como um todo e não somente nos limites da transpantaneira. Destacou que em 2016 visitou a Baía de Chacororé, com águas fartas, e em 2019, pousou no mesmo local, em terra árida. A Baía, além de ser patrimônio ambiental de Mato Grosso, é berço de cultura e espiritualidade.
 
O deputado Carlos Avalone (PSDB) ressaltou que, desde 2020, o trabalho contra incêndios não parou. “Esse planejamento estratégico e a união de forças já nos resultaram em uma diminuição de mais de 90% dos incêndios. Hoje as equipes estão com as pás-carregadeiras que chegam próximo ao fogo e fazem os aceiros evitando a propagação das chamas. Além disso, também foi montada uma base de apoio, localizada em um ponto da Transpantaneira, com tanques de água e combustível para abastecer as aeronaves usadas nos combates dos incêndios”, pontuou.
 
O senador Wellington Fagundes (PR) e a deputada federal Rosa Neide (PT) mandaram representantes ao Pantanal. O vereador Dudu Carrapato (PSDB), de Poconé, também esteve presente.
 
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Keka Werneck
 

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